sábado, 6 de novembro de 2010

mas é preciso arriscar...

« (…) Já sete horas”, disse para consigo ao ouvir de novo o despertador, “já sete horas e um nevoeiro destes.” E durante uns instantes ficou quieto, respirando baixinho, como se esperasse do silêncio absoluto a reposição da situação real e natural. (…) preparou-se para balançar o corpo a todo o comprimento, fazendo-o cair assim de uma vez de cima da cama. Se se deixasse cair desta maneira, a cabeça, que ele levantaria ao máximo ao tombar, não devia sofrer nada. As costas pareciam ser duras, e não lhes aconteceria nada se caíssem em cima do tapete. O que mais o preocupava era a ideia do estrondo que isso iria provocar, e do susto, ou pelo menos da preocupação que tal baque iria causar atrás de todas as portas. Mas era preciso arriscar. (…)» (“A Metamorfose”, Franz Kafka)


Mas é preciso arriscar... e tu, o que estás disposto a arriscar?

    O calor é intenso, não é o fogo que me assusta, mas sim a ferida, que irá ficar dentro da minha alma, irá queimar o meu desejo de fugir daquele espaço, e magoar a esperança de encontrar uma nova vida atrás da cascata de fogo presente aqui mesmo, a minha frente.
   O fumo cega-me, tirando a possibilidade de eu desviar, voltar para trás.
   Mas eu tenho de arriscar, para conseguir o que quero e preciso mas nunca fugir como todos fazem. Tenho que dar um paço em frente para ultrapassar esse grande manto de fogo. E tenho a certeza que irei encontrar o que quero ali atrás. Uma novo mundo que só se torna real no meu pensamento, onde tudo o que eu sonhei se torna visível, real, possível.


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